Filhos na puberdade: como fortalecer os vínculos familiares e lidar com as mudanças dessa fase da vida?
A adolescência é uma fase desafiadora tanto para os filhos quanto para os pais. É um período de mudanças físicas e emocionais intensas, o que pode levar a conflitos e dificuldades na relação familiar. Com a chegada da tecnologia e o aumento da exposição a informações, os pais muitas vezes se veem perdidos sobre como lidar com essa nova realidade.
Pensando nisso, entrevistamos a psicóloga Rívia Pires, especialista em Psicanálise e Saúde Mental, para obter dicas e orientações sobre como amenizar a situação e construir uma relação saudável com os filhos adolescentes.
Leia até o final para descobrir todos os direcionamentos da nossa entrevistada e como utilizá-las no seu dia a dia.
Como os pais podem ajudar seus filhos a lidarem com as mudanças físicas e emocionais que ocorrem durante a puberdade?
Esse auxílio precisa começar desde a infância, mantendo um diálogo aberto para perguntas, estudando ciências e biologia, esclarecendo desde cedo pelo que as crianças e os adolescentes vão passar. Ver filmes, contar casos de como os pais eram quando eram adolescentes, de que música gostavam, ver fotos antigas, contar das próprias fragilidades é um bom caminho. Sobretudo escutar o que se passa pela cabeça deles.
Como os pais podem se comunicar de forma eficaz com seus filhos adolescentes, especialmente quando os adolescentes podem estar mais propensos a se fechar e não querer falar sobre seus sentimentos?
É preciso entender que os adolescentes vão se abrir se existir um processo de confiança e de comunicação não violenta instaurado ao longo da vida deles. O que é sigilo para as crianças e adolescentes e eles nos confidenciam, é para se manter em sigilo e nenhuma outra pessoa pode ficar sabendo. Assim eles vão instaurando essa confiança. E também que a urgência dos pais é diferente da urgência do adolescente. Às vezes nos angustiamos por livrar os filhos das dores que supomos que eles têm, mas é preciso saber esperar o momento em que o adolescente dá conta de dizer o que ele está sentindo. Às vezes o máximo que se consegue é um “filho, a mamãe está aqui, estou preocupada com você, se você quiser conversar a respeito do que está sentindo, pode dividir comigo suas aflições”. Isso já é suficiente.
Como os pais podem ajudar seus filhos a desenvolver uma autoimagem positiva e saudável durante a puberdade, especialmente quando há muita pressão social para se conformar a padrões de beleza e comportamento?
Evitando críticas demasiadas ao modo de vestir, cobranças excessivas sobre o padrão corporal, ao cabelo etc. Cada pessoa tem um tipo de corpo, de cabelo ou de gosto para vestimentas, e a adolescência é uma fase em que eles estão buscando se autoafirmar e precisam se sentir respeitados e valorizados nesse sentido. É preciso estabelecer algumas regras sobre isso devido a aspectos de saúde e adequação a diferentes ambientes, mas sobretudo o estímulo ao autocuidado sem exageros.
Como os pais podem apoiar seus filhos na tomada de decisões importantes e na escolha de valores e crenças que os ajudarão a se tornarem adultos responsáveis e independentes?
Principalmente aceitando que os filhos vão ser e fazer escolhas diferentes das que eles fariam ou gostariam. E mostrando pra eles o que é responsabilização e o que é consequência, mas entendendo que algumas escolhas os pais não vão concordar, mas vão precisar respeitar.
Como os pais podem ajudar seus filhos a lidar com as pressões da escola, amigos e outras influências externas durante a puberdade?
Acompanhar os estudos e dedicar um tempo aos filhos precisa ser uma tarefa diária. Mesmo que sejam 15 minutos por dia. Tempo de qualidade e diálogo aberto, poder falar de qualquer coisa, precisa ser considerado sempre que se fala de crianças e adolescentes. Entender as dificuldades que estão tendo, escutar e respeitar o que estão dizendo é uma ótima maneira de apoiar.
Como os pais podem garantir que seus filhos estejam seguros durante a puberdade, especialmente quando há riscos aumentados de envolvimento em comportamentos de risco, como uso de drogas e álcool, atividades sexuais precoces e comportamento agressivo?
Não existem garantias. Existem indicativos de um bom caminho a seguir. É preciso conversar sobre as drogas e admitir essa curiosidade e que essa oferta vai existir desde cedo. Esclarecer e estudar os efeitos, as consequências e principalmente os limites em relação a isso é muito importante. Entender que toda escolha tem uma renúncia, uma perda ajuda. E da mesma forma com a sexualidade, as pulsões sexuais vão existir, não é possível impedi-las. É possível educá-las, instruí-las e estabelecer limites dentro da realidade de cada um.
Como as mães podem encontrar tempo para cuidar de si mesmas, enquanto equilibram as demandas de cuidar de seus filhos durante a transição da infância para a adolescência?
Apoiando-se nos pais principalmente. É importante que a família entenda que todo mundo precisa de um tempo sozinho, um tempo de autocuidado, de descanso e de lazer. Às vezes é bom e possível fazer isso juntos, mas às vezes a mãe precisa de um tempo pra si mesma sem o marido e os filhos. E além de necessário, isso é bastante saudável.
Como as mães podem lidar com a culpa que muitas vezes sentem em relação à forma como estão criando seus filhos durante a adolescência, especialmente quando seus filhos parecem estar lutando com questões emocionais ou comportamentais?
Avaliar de onde está vindo essa culpa. Ela tem a ver com você e com algo que você está fazendo ou deixando de fazer? Ou ela está acontecendo porque você não está tolerando ver os filhos sofrer as aflições da adolescência? É preciso buscar a psicoterapia e o autoconhecimento para perceber a diferença entre o que é seu e o que é do outro. A culpa pode estar relacionada com aspectos inconscientes e com a própria história, e por isso buscar ajuda profissional pode ser muito importante.
Como as mães podem desenvolver sua própria resiliência emocional e mental durante a adolescência de seus filhos, especialmente quando se deparam com mudanças significativas em suas próprias vidas, como separações, doenças ou outras crises familiares?
Buscando a vida que foi sendo alimentada paralelamente ao trabalho da existência dos filhos. Ter filhos não precisa encerrar sua vida, suas amizades, seu trabalho, sua vida social. Ter uma vida que está para além dos filhos é fundamental. E buscar a psicoterapia sobretudo.
Esperamos que as informações compartilhadas aqui possam ajudar a amenizar as dificuldades que muitas mães e pais enfrentam durante essa fase que pode ser tão difícil. Lembre-se sempre de que a comunicação aberta, o diálogo e a empatia são fundamentais para fortalecer a relação com os seus filhos e ajudá-los a se desenvolverem de maneira plena. Não hesite em buscar ajuda profissional caso precise de suporte nesse processo.
Aproveite e confira a nossa campanha especial de Dia das Mães, que voltou o seu olhar para esse momento tão especial de mudanças e do cuidado que é repassado de mãe para filha.
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